Alex M. Ribeiro Jr. | Março de 2019 | 3 minutos de leitura
Virtual Teaching Assistants, como Jill, foram recentemente reconhecidas pela The Chronicle of Higher Education como uma das mais transformadoras e impactantes tecnologias aplicadas à Educação, nos últimos 50 anos.
Estamos experimentando mudanças drásticas na Educação.
Hoje, cientistas possuem um conhecimento mais claro e profundo acerca dos processos de aprendizado — sejam eles cognitivos, sociais ou culturais.
Além disso, a tecnologia vem dando a sua contribuição. A internet aumentou o alcance e o acesso à Educação; e agora, a Inteligência Artificial vem nos abrindo grandes possibilidades quanto à personalização do aprendizado e sua escalabilidade.
Mas o que um robô treinado artificialmente realmente pode nos trazer de benefício, em direção a uma Educação mais ampla, acessível e personalizada?
“Olá, meu nome é Jill Watson”
Em uma apresentação para o TED, em São Francisco, o indiano Ashok Goel trouxe sua experiência liderando um curso online para o Georgia Institute of Technology a fim de discutir a inserção de Inteligência Artificial na Educação.
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No verão de 2015, 350 alunos enviaram mais de 10.000 mensagens no fórum online disponibilizado na plataforma. Seria necessário um professor full-time durante um ano inteiro para responder todas as perguntas.
Ao se deparar com as mensagens, Goel pensou: e se desenvolvêssemos um Virtual Teaching Assistance (TAs) que conseguisse responder todas as perguntas mais frequentes, automaticamente?
No verão seguinte, surgiu Jill Watson.
Em sua primeira versão, a Assistente não teve um bom desempenho. Em alguns casos, as respostas eram dadas corretamente; em outros, não só incorretamente, mas completamente fora de contexto.
No entanto, à medida que se aumentava o número de dados “pergunta-resposta” e novos modelos lógicos eram adicionados ao algoritmo, a assertividade de suas respostas ultrapassou a confiança de 97%.

A partir daquele momento, não importaria mais se um aluno estivesse estudando às 3AM em São Francisco ou 5AM no Japão; se ele tivesse uma dúvida, teria uma resposta — e muito provavelmente, correta.
Virtual Teaching Assistants, como Jill, foram recentemente reconhecidas pela The Chronicle of Higher Education como uma das mais transformadoras e impactantes tecnologias aplicadas à Educação, nos últimos 50 anos. De acordo com dados da própria universidade, ela aumentou o engajamento dos alunos: se antes da introdução da tutora, a média semestral de comentários por aluno era de 32, ao final ela aumentou para 38.
Mas ainda assim, o TA utilizado na GeorgiaTech é um tutor de “perguntas e respostas”, cuja linearidade a que se limita seu discurso não condiz com a interação aluno-professor dentro do processo real de aprendizado.
O desafio é desenvolver em Jil, outras habilidades associadas ao aprendizado personalizado; o que exigirá maiores avanços na Inteligência Artificial centrada no ser humano e a capacidade de aplicá-la em contextos específicos.
E entra a Google
Em maio de 2018, a Google lançou uma nova tecnologia chamada Google Duplex. A partir dela, o Google Assistant é capaz de realizar ligações simples para o usuário; como para marcar um corte de cabelo ou fazer reservas em um restaurante.
O que mais chamou a atenção durante a apresentação, no entanto, foi a naturalidade e fluidez com que o bot se comunicou durante a ligação, absorvendo todo o contexto — muitas vezes confuso — e até mesmo fazendo hesitações, repetições e correções em seu próprio discurso.
A apresentação, obviamente, reacendeu a discussão acerca da utilização de “assistentes digitais” no contexto educacional.
O Google Duplex adicionou dois elementos importantes, antes ausentes, no experimento da GeorgiaTech. Primeiro, uma maior adaptação e percepção do contexto, permitindo diálogos multidimensionais e mais semelhantes à realidade humana. Depois, um fator simples, mas que faz total diferença em direção à maior humanização do processo: a voz.
Não é "saber"; é "saber-fazer"
Para cobrir essa demanda, não precisaremos de pessoas que saibam muito; o Google sabe tudo. Precisamos de pessoas que saibam aplicar o infinito conhecimento disponível.
E porque Assistentes Virtuais não são mais uma demanda incremental para a Educação, mas uma urgência?
A Inteligência Artificial irá automatizar, a um nível antes impensável, as atividades de nível operacional realizadas por seres humanos. Nos restarão aquelas atividades que demandam criatividade; que desenham soluções para resolver problemas; que hoje, estão restritas a cientistas, programadores, engenheiros, etc.
Para cobrir essa demanda, não precisaremos de pessoas que saibam muito; o Google sabe tudo. Precisamos de pessoas que saibam aplicar o infinito conhecimento disponível. Nossa Educação deverá ser focada não mais na transferência de conhecimento, mas na aplicação criativa dele em prol da resolução de problemas.
Assistentes Virtuais, como a Jill, vêm se mostrando extremamente eficientes em liberar professores das questões operacionais e focar seus esforços em um processo de aprendizado focado no “saber-fazer”. Com as novas funcionalidades contidas na Google Duplex, essa eficiência nos colocará mais perto do objetivo final: uma educação personalizada e humana - para todos.